Por meio de um grupo de pesquisa do projeto de extensão do mestrado em Ciência da UESC, a atividade prática de uma pesquisa supervisionada pela professora Dra. Simone Guele do Departamento de Ciências Exatas, coordenada por Miguel Arcanjo, com um grupo de dez alunos, envolveu a comunidade do Iguape por meio da Comunidade Novo Céu de Cristãos Católicos para sanar a demanda mais urgente do local, o escoamento de esgotos diretamente no manguezal.
Com o levantamento das demandas do bairro e identificação de problemas, a iniciativa utiliza a tecnologia social para promover a autonomia da comunidade a fim de que repliquem os conhecimentos aprendidos no meio em que vivem.
Como funciona a fossa asséptica – Uma fossa séptica, como a utilizada pelos alunos do mestrado de Ciências da UESC no projeto social da Comunidade Novo Céu de Cristãos Católicos do Iguape, em Ilhéus, pode ser construída a um baixo custo, com um gasto de pequena monta estimado em duzentos e setenta reais. O processo de destinação do material orgânico que perpassa a fossa séptica até a chegada ao mangue, funciona da seguinte maneira:
Os dejetos seguem pelo cano e desembocam no primeiro taque. Na primeira bombona, ocorre o processo de ação das bactérias aeróbicas em contato com oxigênio, alimentando-se dos dejetos, fazendo a reciclagem da matéria orgânica. Todo o material sólido fica retido na primeira bombona. A parte líquida, vai para a segunda bombona, onde acontece o processo da ação anaeróbica das bactérias. Elas vão agir sem o oxigênio, consumindo os detritos ali existentes. A terceira bombona receberá um líquido menos sujo, que não é tão agressivo ao meio ambiente, que seguirá por uma valeta composta por um filtro, feito de brita e areia, onde é concluído o processo biológico, desaguando o líquido filtrado para chegar ao manguezal.
A matéria sólida que fica retida na primeira bombona, vai entrar em decomposição, deteriorada pela ação das bactérias. Com uma residência habitada por 2 a 3 pessoas, a primeira bombona pode ser limpa em uma média de 2 a 3 anos com a retirada do material, que possuirá um nível de contaminação bem minimizado, por meio de uma empresa especializada em limpeza ou pela logística da própria Embasa, que levará o conteúdo para uma Estação de Tratamento.
O projeto disponibiliza todos os materiais de apoio e impresso como meio de suporte para as pessoas que querem aplicar essa tecnologia social em suas vidas.
Os benefícios alcançados com a boa execução e adesão do projeto são a interrupção da poluição, promovendo, assim a regeneração e preservação do bioma do manguezal, de modo a impactar positivamente na atividade dos marisqueiros, pescadores e qualidade de vida das pessoas, uma vez que estarão menos suscetíveis a doenças, bem como a promoção da capacidade de transformação social do lugar, com a ação coletiva de indivíduos bem posicionados em um mesmo propósito, promover vida e saúde.